A expressão massa umatane, que designa o “comércio”,
significa ao mesmo tempo “pegar” e “dar”. Isso significa que o
comércio não é o resultado de um cálculo de benefícios, mas
a justaposição de duas doações equivalentes, a simultaneidade
de dois atos generosos, unilaterais, em que cada um dos dois
protagonistas está em situação de igualdade ...”
Jacques Attali
No início, era o pau-brasil e a criação da Real Junta do Comércio
Geral do Brasil em 1672, em Lisboa, com o objetivo de regular o
monopólio dessa matéria-prima e administrar o seu comércio entre a
colônia e a metrópole.
Com a descoberta de jazidas de ouro nas minas gerais no início
do século XVIII, após a crise do açúcar, o Brasil retoma sua importância no centro da política portuguesa, acarretando um grande movimento migratório em direção a essa colônia, aliado a um deslocamento significativo de parte da população local em direção a esses centros de produção e escoamento. Um novo dinamismo econômico é evidente no Rio de
Janeiro, ponto de convergência de um vasto circuito comercial.
Mais tarde, a transferência da Corte portuguesa para o Brasil representa, por si mesma, o deslocamento do núcleo de atividades comerciais
para a colônia, consagrado pela abertura dos portos.
O Brasil torna-se sede do governo português, abrindo caminho para seu futuro status de Reino Unido a Portugal e Algarves, incrementando as relações sociais e oferecendo novas oportunidades, inclusive no plano cultural.
Daí em diante, mudanças conjunturais acarretadas por novos
acontecimentos, como a Independência, o ciclo econômico do café e a abolição da escravatura, delineiam o painel socioeconômico que orientará o desenvolvimento do comércio em nossos centros urbanos, gerando uma resposta arquitetônica a esses acontecimentos.
É o Rio, capital federal, belle-époque, de Pereira Passos com seu
novo comércio de lojas e cafés sofisticados, ocupando as novas avenidas ou ruas alargadas, em contrapartida aos mascates, ambulantes e armazéns do passado recente colonial.
No turbilhão do século XX, vive-se o avanço do processo de industrialização e urbanização, crises econômicas e institucionais, declínio e surgimento de novas forças políticas, avanços científicos e agravamento de questões ambientais, mas sobretudo o crescimento vertiginoso de uma massa consumidora com capacidade de olhar o mercado de forma rápida e abrangente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário